Antes de qualquer consideração a respeito da Síndrome de
Down, devemos destacar o quanto é importante a intervenção precoce dos
profissionais de saúde às crianças portadoras da Síndrome de Down (SD).
Nos mais diversos estudos, no que se refere ao
desenvolvimento intelectual, tem se considerado a deficiência mental como uma
das características mais comuns da SD, trazendo como conseqüência um atraso em
todas as áreas do desenvolvimento.
A disfunção cognitiva observada nestes pacientes nos mostra
prejuízos particularmente evidentes nas áreas de memória seqüencial auditiva e
visual, bem como da linguagem e da fala, em particular.
Nos primeiros anos de vida, há um declínio no QI, quando
seria o ponto máximo deste acontecimento, tornando-se mais tarde menos
evidentes. Este declínio já pode ser observado a partir dos seis meses de
idade, quando as demandas cognitivas tornam-se mais complexas. Isto explica a
necessidade dos atendimentos e tratamentos precoces.
Com bastante freqüência podemos observar perda auditiva nos
indivíduos com SD, além dos problemas lingüísticos e fonológicos. A melhora na
função cognitiva pode ser obtida através de procedimentos cirúrgicos ou pelo
uso de aparelhos de amplificação, que podem melhorar de forma muito
significativa a atenção auditiva e o desenvolvimento da fala e da linguagem
como um todo.
O trabalho do Fonoaudiólogo com o paciente com SD é muito
vasto e necessário para um desenvolvimento global mais qualitativo. Isto inclui
a estimulação precoce a partir dos primeiros meses de vida; a estimulação do
desenvolvimento da linguagem e fala; do desenvolvimento cognitivo para melhor
aprendizagem futura; do desenvolvimento psicomotor; estimulação da motricidade
orofacial devido aos desvios observados. As dimensões de mandíbula, maxila e
palato são menores, tendo, porém, a altura do palato normal (comprimento e
largura menores). Podemos observar protrusão da língua, fenda palatina, boca
entreaberta e uma impressão de que a língua parece ser maior do que o normal,
em alguns casos chegando à macroglossia. Isto representa grande dificuldade
adicional às funções respiratória, de mastigação, deglutição e também na fala
(articulação).
Outra parte importante do trabalho da Fonoaudiologia se faz
com relação à apnéia do sono, condição especialmente comum na SD, que ocorre
devido tanto a fatores obstrutivos quanto centrais. O que favorece: a hipotonia
dos músculos da faringe, a hipotonia da língua, o tamanho reduzido das
estruturas da cavidade oral e da faringe combinados com as infecções repetidas
das vias aéreas que levam à hipertrofia das amígdalas e adenóides. O palato é
estreito e observa-se micrognatia e hipoplasia da região média da face. A
eficácia do trabalho Fonoaudiológico se dá com o fortalecimento das
musculaturas e conseqüente abertura da passagem do ar na região faríngea.
O Fonoaudiólogo atenderá a criança com SD e também a sua
família e para os demais profissionais que lidam com o paciente, os princípios
do tratamento devem estar bem claros. Todos devem estar cientes, desde muito
cedo, que a criança com SD deseja se comunicar e que apesar de suas
dificuldades, certamente irá conseguir.
As possibilidades para o tratamento são inúmeras, deixando
bem claro que o plano de tratamento deverá ser embasado numa boa avaliação e no
estabelecimento de objetivos, tudo com um objetivo maior: a facilitação da
integração social.
SCHWARTZMAN, José Salomão e col.. Síndrome de Down. São
Paulo: Mackenzie, 2003.
Por: Flávia Paiva
0 comentários:
Postar um comentário